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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Mortal imortalidade

                                          Foto: Daniel Carvalho Gonçalves

Fôssemos eternos para compreendermos as coisas simples
Que à luz de toda complexidade nos parecem tão mortais,
Tão indignas de atenção: as flores no campo, seu perfume
Que extasia ao poeta, as ondas que se quebram no cais.

Fôssemos imortais talvez aperfeiçoássemos o amor
Que inexplicamos em nossa pobre, carente, brevidade.
Quem sabe seríamos aptos para aceitar as pessoas
Como são e não como sonhamos. Oh, intocável verdade!

Fôssemos eternos para compensarmos nossos erros tolos,
Pois, quem não erra? Encararmos os obstáculos e transpô-los
Como vencedores de nossos próprios, reles, desvalores.

Fôssemos imunes à morte, sem sofrermos estas lágrimas
Que tanto nos magoam, pudéssemos fugir desta pálida
Expectativa inevitável. "Deus, por que somos tão breves?"

Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 27 de setembro de 1995
Abraço!

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