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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Onde nasce a poesia

Onde nasce a poesia


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Esta poesia caiu com a chuva, suavemente,
Deslizou pelo meu coração, sussurrando teu nome,
Frágil, carente como feto no útero da saudade.

Como se tivesse índole própria, falou do amor
Do poeta por ti, tão inconsequente. Sem nenhum pudor,
Rimou encanto e volúpia com naturalidade.

Se encabulou com a serenidade do teu sorriso,
Se embebedou com a sensual magia do teu corpo,
E brincou, infante, de desejo. Oh! Pobre poesia!

Deixou-se inspirar, dependente, por tua cor morena,
Apaixonou-se por teu perfume sutil de açucena,
Te fez deusa como se tivesse condão de melodia.

Foi lágrima em meus olhos, sentida dor de ausência.
Foi riso em meus lábios, prenúncio de demência.
Me entregou para ti de corpo, alma e coração.

Acaso pode a poesia nascer sem minha razão?


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 23 de janeiro de 1995
Abraço!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A razão do meu viver

A razão do meu viver


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


A mulher que eu amo
É a mais linda do mundo,
Não me importa o que os outros digam.

Sabe ser menina no momento certo,
Sabe ser doce e inocente
Como uma flor meiga e perfumada,
Espalhando carinho em meu sonho menino.

Sabe ser mulher como ninguém,
Sabe ser selvagem e maliciosa
Como fera no cio, quase inconsequente,
Despertando desejo em meu sonho de homem.

A mulher que eu amo não tem pudor,
Mas tem momentos de timidez;
Às vezes é anjo;
Às vezes é fera;
Às vezes é quieta
E, ainda outras, é louca.

A mulher que amo sabe ser a canção,
Sabe definir o silêncio,
Sabe ser o meu tudo,
Sabe que não sei calar o meu amor,
Não importa o que os outros pensem.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 18 de dezembro de 1993
Abraço!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Vence a ti mesmo

Vence a ti mesmo


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quando tuas próprias sombras
Te ocultarem a razão de sorrir,
E, sutilmente, desbotarem teus sonhos,
Ignora teu infortúnio (pois é passageiro),
Rebusca a alma
E desprende do teu íntimo reprimido
A sede de vida,
A força para lutar
Ante a mais selvagem tormenta.

Vence, vence a ti mesmo,
Pois, a esperança, de ti,
Ninguém pode roubar!

Quando a solidão,
Silenciosa e ferina,
Te parecer inexorável;
Quando as lágrimas,
Frias e cúmplices,
Parecerem inevitáveis;
Ergue o teu sorriso
Como se ergue a espada na vitória,
Deixe brilharem os teus olhos
Como se deslumbrassem o mais belo arrebol,
Ignora a dor
E vence a ti mesmo.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 28 de janeiro de 1993
Abraço!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Um conto de natal

Um conto de natal


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


       Já era véspera de natal e "Zé" Manuel ainda não comprara o presente do filho. Não pudera. Bem que olhara uns brinquedos na cidade, "coisa cara", até um tal de "vídeo-gueime".
    O moleque tinha apenas cinco anos, pingo de gente, era inteligente. "Nisso não puxara o pai", dizia, "bem que merecia um agrado."
      "Zé" Manuel passara o dia procurando por algo que pudesse fazer o filho feliz, mas o trabalho honesto e suado na roça não lhe rendia quase nada.
     Na manhã de natal, o pobre agricultor estava ainda mais acabrunhado, recostado junto ao fogão à lenha, enquanto a mulher coava o café, quando o filho se recostou no seu peito e lhe deu um abraço: - "cê tá choando" papai! "cê tá" dodói?"
       Ele olhou para a mulher e, logo em seguida, para o filho: - "não, "fio", é que eu queria te dar um presente e "num" tenho dinheiro."
         O filho sai do abraço do caipira e, depois de alguns minutos, volta correndo com um carrinho feito de garrafa pet, faltando uma roda pelo uso, sorrindo e com os olhos brilhantes: - "eu já tenho o "cainho" que "cê" fez para "mim" brincar."
       A felicidade é feita de pequenos gestos, de carinhos genuínos, de amor verdadeiro, quando o presente mais importante ninguém compra, pois, vem do sentimento mais nobre na alma do homem: o sorriso das pessoas que amamos.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 26 de novembro de 2000
Abraço!


domingo, 27 de novembro de 2016

Sempre-viva

Sempre-viva


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Vejo-te sempre como leve surpresa,
A cada dia mais linda, vibrante,
E me sinto cada vez mais uma presa
Do teu riso doce e brilhante.

Amo-te um pouco mais a cada dia,
Como se fosses religião e fé.
Sinto saudade de tua companhia
Se ficas ausente um instante qualquer.

E, se meu poema ecoa infante,
(Talvez seja esse meu maior pecado),
É que meu coração louco e amante

Esquece as palavras, se faz alado,
Ante tão raro e mágico diamante
Que ora dorme ao meu lado.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 19 de março de 2000
Abraço!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Tesouro

Tesouro


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Esta noite eu vi as estrelas.
Há muito não as via.
Eu, que quase cheguei a perdê-las
Na apatia com a qual eu seguia!

Eu, que, de rotina, até perdi o sono,
E ceguei minha alma às coisas pequenas,
Descobri neste céu de outono
A magia esquecida da noite morena.

Eu, que de amor nada entendia,
Penetrei no âmago da poesia,
Criei um orbe de felicidade.

Pela primeira vez me senti completo
Ao abraçar minha alma gêmea, repleto
De sentimento e simplicidade.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 31 de março de 2000
Abraço!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Quando se descobre o amor

Quando se descobre o amor


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quando se descobre o amor,
Se diz coisas sem lógica,
Com a lógica própria do amor.

Quando se descobre o amor,
Descobre-se o sabor da saudade,
Uma febre que queima no peito
Ante a ausência do ser amado.

Quando acontece o amor,
Todos somos ingênuos,
Meras crianças fantasiando o melhor.

Quando inventa-se o amor,
Somos todos guerreiros,
Somos fortes e frágeis,
Verdade e mentira (tudo é válido!),
Sonho e realidade.

Quando explode o amor em nós,
Descobrimos a poesia,
A canção acontece num passe de mágica.
De repente já não somos
Donos de nosso destino,
E cada passo, cada conquista, cada lágrima,
Tem uma razão;
A felicidade de quem amamos.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 30 de dezembro de 1993
Abraço!

domingo, 13 de novembro de 2016

Saudade

Saudade

     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Foste um sol em meus sonhos,
Brilhando como só os anjos.
Mas deixaste esse pranto tristonho
Que põe minha alma em desarranjo.

Partiste, e eu não pude sequer impedir.
Ficou o silêncio, uma página em branco,
Um não saber por onde ir:
Saudade do teu sorriso franco.

Ficou um adeus em suspenso,
Nem uma palavra, um olhar, um abraço.
Ficaste doendo em meu sentimento,
No meu falso coração de aço.

Adeus, te digo agora, doce flor!
Adeus, que em mim serás eterna!
Adeus, grito dorido em meu amor!
Adeus, mãe! Tua luz brilhará
Em mim como o mais religioso fervor!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 08 de fevereiro de 2000
Abraço!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Destinos divergentes

Destinos divergentes


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Numa símplice manhã da vida,
Uma alva e airosa rosa

Enamorou-se de um raio de sol.
Tingiu-se rubra pelo arrebol;

Exalou, contente, um gentil perfume;
Descobriu que também sentia ciúme

Quando as outras flores do jardim
Abraçavam o cálido raio. E, assim,

O dia passou, célere e indiferente,
E veio a noite descobri-la dolente,

Lacrimejante, triste e silente.
Orvalhou-a num carinho inocente,

Como se isso a fizesse esquecer
Do amor que, na noite, se deixou perder.

Veio, então, a manhã aconchegar seu coração.
E colhida foi pelo carinhoso toque de uma mão.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 24 de abril de 1994
Abraço!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Inquietude

Inquietude

     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Pelas ruas da cidade,
Num dourado fim de tarde,
Pessoas brincam de ir e vir.
Cativas de alguma forma de saudade
Elas vão seguindo, sem sabem por onde ir,
Em busca de imaginária felicidade.

Procuram a paz em cada olhar
Convictos de que a encontrarão;
Sorriem para velhos amigos
Que, com certeza, retribuirão.
Sonham com as ondas do mar
E se deixam, enfim, abraçar
Por emoções que jamais fenecerão.

Entre os transeuntes quase em transe
Não há quem se canse 
De existir, viver, falar de amor;
Muitos sorriem, se esquecem da dor;
No fim de tarde não há quem pense
Que o outro dia não será melhor
E que o pior é apenas uma história triste.

À noite, exsurgem dos bancos da praça
E, quase sem graça, voltam para casa.
Já não sabem o que são:
Pedaços de papel com versos de ilusão.

Neste momento não há quem não faça
De um ideal uma paixão.
Da tarde, do povo,
Resta meu coração.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 09 de fevereiro de 1992
Abraço!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Pássaros humanos

Pássaros humanos

     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Eram dois pássaros,
Traziam sonhos iguais,
E, sob suas sonoras sombras,
Repousava a esperança
Quase inexorável de pousar
Num imaginado paraíso.

Venceram a distância,
Vagaram por terras sem fim,
Venceram os ventos,
ignoraram a dor,
Desafiaram relâmpagos e trovões,
E, já exângues,
caíram ao solo, exânimes,
destruídos pela busca de sonhos
Que existiam apenas no seu íntimo infantil.

Nós somos esses pássaros,
Pássaros humanos,
E fazemos de ínfimos sonhos
Um ideal pelo qual lutar.
Preferimos ignorar nossa nua verdade
Em busca de um disfarce cruel cravejado de joias.
Nós não sabemos "voar".


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 25 de março de 1993
Abraço!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Abstrato

Abstrato

     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Venho de sentimentos disfarçados
Nas entrelinhas sutis do olhar,
De segredos desavergonhados,
Subentendidos num breve gesticular.

Trago gritos resumidos em silêncio,
Um predador transformado em presa,
Um vendaval num desejo suspenso,
Mendigo carente, fingindo realeza.

Meu poema é sub-interpretativo,
Tal qual o canto de pássaro cativo,
Felicidade em canção dolente.

Meu amor é másculo, protetor;
É água, fogo, frio e calor,
E, de repente, uma criança carente.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 24 de setembro de 2016
Abraço!

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Um poeta diante do espelho

Um poeta diante do espelho


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Detém-te, silencioso e reverente, ó poeta,
Pois, tens apenas palavras, e, ora, palavras nada são
Para descrever tua alma infante, fazendo festa
Ao simples sorriso da mulher que encanta teu coração;
Palavras não são nada para contar daquela que empresta
Magia ao sonho, sublimando, divina, qualquer canção.

Detém teus míseros versos como se fossem pecado,
Tuas rimas, tantas, como se fossem técnica profana,
Pois, não são apropriados à mulher que tens ao teu lado,
Excelsa deusa, mais elevada do que qualquer poema.

Ama apenas. Ah! O amor não exige explicação.
De fato, diz, pode um qualquer mortal definir o amor?
Como ousas tu, que trazes nos olhos uma interrogação?
Ah! Teu pecado tem perdão, pois, és somente um sonhador.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 24 de fevereiro de 1997
Abraço!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Vida nua

Vida nua


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quantas desilusões o homem precisa sofrer
Até entender as sutilezas do destino?
Quantos sonhos é preciso deixar morrer
Até descobrir seu verdadeiro caminho?

Quantas vezes é preciso cair
Até aprender a contornar o obstáculo?
Quanto é preciso chorar, fingindo sorrir,
Até conhecer os bastidores do espetáculo?

Compreendi que cada erro, cada desacerto,
É um passo para o aprendizado;
Que a dor pode conduzir ao acerto;
Que qualquer desafio pode ser superado.

Aprendi que existe a felicidade,
Mas que ela não está no outro,
Talvez na forma como o outro é percebido.
Entendi que um amor de verdade
Não exige que a pessoa nos complete,
Mas é algo além de nosso egoísmo,
É um remédio ou veneno que carece ser bebido.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 10 de setembro de 2016
Abraço!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Moleca

Moleca


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ela tem encanto correndo nas veias,
Um poema disfarçado de mulher,
Um fogo queimando em pele morena,
Olhar de quem sabe bem o que quer.

Ela é moleca, suave menina,
Riso fácil de criança arteira,
Arquitetando sonhos, feminina,
Prevendo asas em suas brincadeiras.

Cada gesto seu irradia verdade,
Um demônio estranho, de leve maldade,
Um anjo no paraíso, perdido.

Uma borboleta voando, airosa,
Uma canção inesquecível, gostosa,
Uma mistura perfeita, um vinho divino.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 14 de setembro de 2016
Abraço!

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Paralipse

Paralipse


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ser poeta é ser insolente,
É insinuar com malícia,
Com inocência aparente.

Ser poeta é abraçar o despudor
Para falar de seus sonhos,
Ignorando sua própria dor.

Ser poeta é morrer de saudade
E versejar seu infortúnio
Como se fosse felicidade.

Ser poeta é fazer das palavras
Um brinquedo
E das ações um fracasso,
Por inexperiência ou medo.

Ser poeta é matar o herói
E perpetuar o vilão.
É inexplicar porque dói
Amar com tanta paixão.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 22 de fevereiro de 1995
Abraço!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Fêmea indefinição

Fêmea indefinição


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ó mísero amante, poeta e tolo,
Podes tu definir a alma feminina?
Então, por que te jactas, se o teu consolo
É o vazio de tua alma ferida?

Quiseram tantos defini-la como rosa,
Gentil, na transpiração de puro carinho.
Se esqueceram que ela, tão maravilhosa,
Trazia, na inocência, um espinho.

Responde: qual mulher pode te fazer chorar
Ou te fazer de brinquedo ao seu bel-prazer?
Acaso somente uma bruxa malvada
Obtém o poder de fazer um homem sofrer?

Mas o sorriso não é condão só dos anjos
Nem é só das flores doar felicidade.
Por isso, explica-me, tu que és sábio,
A fêmea alma com a mais virgem verdade.

Se nada sabes, faz teus lábios silentes,
Pois, anjos têm também índole de serpente,
E são indefiníveis como nuvens no céu.

Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 20 de junho de 1995
Abraço!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Dístico do abandono

Dístico do abandono


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Não atino, Pai, com essa mortalidade
Nem com o desdém de tanta brevidade.

Por que, Pai, nos toma o condão da vida,
Fazendo da luta uma batalha perdida?

Terás, acaso, o divino gozo
Que temos em um jardim formoso,

O prazer de plantar, cuidar e regar
As flores que. sabemos, um dia, irão murchar?

Por que não nos poupa, Pai, então, da dor?
Ou está a eternidade além deste sonhador?

Nada sou para julgar teus intentos.
Sou simples pó ao querer dos ventos!

Talvez seja pequeno para saber a verdade.
Talvez, Pai, ainda não seja tempo

De descobrir os segredos da imortalidade.
Perdoa, Pai, se não sei calar meus pensamentos!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 05 de abril de 1999 
Abraço!

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Desafinado II

Desafinado II


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Deixo saudade em meus versos,
Meu coração pulsando, dissonante,
Meus sonhos dolentes, dispersos
Em minha poetiza alma amante.

Cravo teu nome para a eternidade
Em meu jeito devoto de te amar,
Dor de pura ingenuidade,
Um si menor numa canção em lá.

Deixo o silêncio dum sonho agonizante,
A última tentativa de te ter por mais um instante,
O medo de te perder tão cedo.

Deixo jazer aqui o poeta.
Não há razão para festa,
Pois, hoje perdi o enredo.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 03 de dezembro de 2000
Abraço!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Simplório resumo de tudo

Simplório resumo de tudo

     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


És lua graciosa brilhando por entre diáfanas nuvens.
Sou tão somente um poeta perplexo ante tua beleza,
Reticente, pois, me roubas as palavras, deusa de um mal ou bem
Que me embriaga a alma com encanto de sutil leveza.

Que saudade do teu beijo em meu amanhecer - seleto vinho!
Teu olor primaveril, em cada poro ainda se faz presente.
Teu sorriso brejeiro é um fulgente febo em meu caminho,
Tua voz é música germinando da mais diva semente.

Teu corpo é magia que inspira pecado, um prenúncio
De paraíso, excelsa poesia feita de silêncio,
E, por tal razão, indefinível através de simples palavras.

És tudo: a mulher que amo, meu ar, minha razão para viver,
Minha crença no amanhã, a fé, o ideal pelo qual morrer,
A inocente malícia que vibra em minhas pobres rimas.

Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 25 de abril de 1997
Abraço!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Só de estar ao seu lado

Só de estar ao seu lado


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Divaguei em minha alma silente,
Eco do silêncio da alvorada,
Prenúncio duma tempestade dormente

Nas rimas deste ignoto poeta.
Me embriaguei com o sono da mulher amada,
Quis no seu sonho olhar pela fresta,

Invadir o domínio dos seus medos,
Dispersá-los para muito distante;
Quis, profano, descobrir seus segredos;

Quis o poder de me jogar nesse sonho,
Me atirar em seu abraço, másculo e infante,
Desarmar-me na magia desse dom estranho.

Decidi, já com sono, apagar a luz,
Pois, nessa simplicidade a felícia se traduz.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 08 de junho de 1999
Abraço!



quinta-feira, 28 de julho de 2016

Sem disfarce

Sem disfarce


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Não sois flor,
Sois primavera,
Quase dor,
Quimera.

Sois divina, 
Estrela, celeste.
Mulher-menina,
Anjo agreste.

Sois magia,
Alvorecer.
Da poesia
O "inesquecer".

Sois sol, luz,
Conto-de-fadas.
Vosso olhar seduz,
Vos faz amada.
Sem vós não sou nada.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 01 de outubro de 1999
Abraço!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Lembrança que fere a alma

Lembrança que fere a alma


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Saudade é ter distante e perdido
Um pedaço da alma,
É ter triste o sorriso,
É ter por consolo a lembrança,
É regredir no tempo,
Ser infantil,
Conversar com as lágrimas,
Se perder na canção,
Esquecer de esquecer.

Saudade é busca
Que nunca perde a certeza,
É  sempre sonhar com o abraço amado e amante,
É loucura dócil que fatiga o corpo
Ante o tudo que se transforma em nada
Na ausência do ser querido.
É nada além de um desejo sem fim
De apertar a pessoa amada nos braços,
Roubar mil carinhos,
E tê-la sempre presente.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 30 de setembro de 1992
Abraço!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Paradoxo

Paradoxo


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Grito, preso em minha alma,
E ninguém me ouve.
Apenas o silêncio me envolve
Como se fosse um manto de aço,
Ocultando minha fragilidade.

Serei eu tão forte assim?

Me desespero ante a dor
Sufocante da saudade,
Mas ninguém é capaz 
De ver essa angústia
Nem tampouco as lágrimas
Que caem por trás do meu sorriso.

Interpretarei tão bem assim?

Com a esperança já exânime
Ignoro minha dor
E persisto, enlouquecido,
No sonho que me fere.

Assim agem os fortes!

De repente, sou poeta.
Em rimas, pobres rimas, extravaso o amor,
Minha bênção e maldição,
E muito poucos entendem o que escrevo.

Entenderá quem eu amo?


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 11 de julho de 1994
Abraço!

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Ausência

Ausência


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Porventura pode um poema definir o vazio de uma ausência?
Palavras, por mais sinceras que sejam, não sabem traduzir o que é saudade,
Nem podem explicar a angústia de estar sozinho, apenas com os sonhos,
Sonhos que doem no peito como se quisessem roubar a felicidade,

Sonhos que extravasam esperança de encontrar novamente o ser amado,
E que mantém ardendo a chama da vida, alimentando-a de sentido.
Por ironia, em nossa fragilidade, somos fortes o bastante para chorar
Em silêncio essa mágoa e sorrir, na certeza que em nosso caminho,

No caminho do poeta, no passar do tempo, nos minutos que parecem horas,
Encontraremos, de olhar brilhante e sorriso lindo, a pessoa amada.
Acaso pode um poema definir a magia sentimental desse momento?

É como um cego vislumbrar pela primeira vez a beleza do amanhecer.
É assim quando encontramos o amor, como a fé que, enfim, pode acontecer.
Somos como pássaros que descobrem, depois da fuga, a liberdade do vento.


Daniel Carvalho Gonçalves.
Escrito em 07 de dezembro de 1995
Abraço!

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Perfídia

Perfídia


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Pode alguém, de direito, privar-nos de nossos sonhos?
Acaso um deus, em nome de um estandarte qualquer?
Não é, porventura, perfídia dum fado bisonho
Ofertar o que, por sua imposição, não pode ser?

Pode alguém compensar as lágrimas inevitáveis
Que reprimem o riso da expectativa anterior?
São felícia e esperança assim tão mutáveis?
Por que somos tão frágeis, tão ínfimos no interior?

Eis que não controlamos o nosso próprio destino.
Somos expectadores do melhor, quem sabe, meninos
Perplexos ante o colosso indeterminado da vida.

Nós somos heróis lutando contra o desconhecido,
Somos brinquedos do acaso ou pássaros feridos,
Somos loucos lutando, frágeis, pela própria vida.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 24 de novembro de 1995
Abraço!