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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Fêmea indefinição

Fêmea indefinição


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ó mísero amante, poeta e tolo,
Podes tu definir a alma feminina?
Então, por que te jactas, se o teu consolo
É o vazio de tua alma ferida?

Quiseram tantos defini-la como rosa,
Gentil, na transpiração de puro carinho.
Se esqueceram que ela, tão maravilhosa,
Trazia, na inocência, um espinho.

Responde: qual mulher pode te fazer chorar
Ou te fazer de brinquedo ao seu bel-prazer?
Acaso somente uma bruxa malvada
Obtém o poder de fazer um homem sofrer?

Mas o sorriso não é condão só dos anjos
Nem é só das flores doar felicidade.
Por isso, explica-me, tu que és sábio,
A fêmea alma com a mais virgem verdade.

Se nada sabes, faz teus lábios silentes,
Pois, anjos têm também índole de serpente,
E são indefiníveis como nuvens no céu.

Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 20 de junho de 1995
Abraço!

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