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terça-feira, 29 de julho de 2014

Crônica aos cegos

Crônica aos cegos


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ouviste, ó sábio, o que dizem
as flores silentes?
Ouviste as palavras tão símplices
que delas transpiram, 
e que a maioria dos homens
insistem em não ouvir?
Viste a sensibilidade germinar em suas pétalas
e vicejar na alma de alguns loucos,
transformando o mais frio dos metais
num fogo ardente chamado poeta?
Sentiste, ó sábio, o seu perfume
espalhando magia e recordação
na diva alma feminina?
Percebeste, ó estúpido, o sacrifício
de quem empresta cor, perfume,
carinho, muito amor e paixão,
sem pedir nada de volta?
Se algo sabes, ergas a tua voz
e responde esta última pergunta:
por que a maioria das flores morrem
num lindo dia, no final da primavera?


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 28 de julho de 2000
Abraço!

terça-feira, 22 de julho de 2014

Ego herói

Ego herói


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Há dias em que o céu
Parece cair sobre nós,
E o dia mais claro
Parece esvair-se na penumbra.

Tristes lágrimas ocupam
O espaço de um sorriso,
E o desespero parece impávido.

No penoso caminho da vida
Vimos pedras e espinho.
De repente, já não somos tão fortes,
E não há sequer uma sombra para descansar.

Transpirando desânimo,
Sentamo-nos na agreste orla do caminho.

Inspirando coragem de nosso íntimo reprimido,
Sorrimos por um instante
e exsurgimo-nos colossais.

Guiados pela sede de vida,
caminhamos velozes.

Já não importa o sol ou a penumbra,
Tampouco os espinhos e as pedras.

Num átimo, tudo isso já não existe,
Apenas a certeza de que podemos vencer.


Daniel Carvalho Gonçalves
escrito em 05 de maio de 1993
Abraço!




terça-feira, 15 de julho de 2014

Nas asas do tempo

Nas asas do tempo


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Decerto passará o próprio tempo
Como efêmero vento de tempestade,
Levando consigo sonhos incontáveis,
Mas trazendo, em seu abraço, tantos outros.

Ora! E os sonhos eternos,
Aqueles que insistem em viver
Mesmo dolentes e lacrimejantes,
Como se trouxessem em sua alma
A límpida flama da certeza?

Levará o tempo, na fúria das suas ondas,
Para bem longe a solidão,
Esse ferino vazio que parece explodir
Num silêncio lúgubre?

Ah!, que ele passe inexpugnável,
Que ele mude a história,
Gere ou aborte sonhos,
Mas que, em algum momento perdido em si mesmo,
Ele cubra de realidade meu eterno sonho:
Meu obcecado amor pela vida.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 01 de setembro de 1994
Abraço!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Nuvem passageira

Nuvem passageira


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Chamei-te Flor de pêssego
Numa enlouquecida tentativa
De te fazer um segredo.

Ocultei teu nome do meu poema,
Chamei-te apenas de Amor,
Sedento de teus encantos de fêmea.

Ocultei a cor do teu olhar,
Rimei o calor de tua pele,
Tuas melenas, leves, a voar.

Chamei-te de demônio em teu fogo,
Comparei-te à uma estrela cadente,
Poeta de teu possessivo jogo.

Comparei-te à uma nuvem incerta,
Linda e indefinida contra o céu
Romântico do meu mundo de poeta.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 05 de abril de 2001
Abraço!

terça-feira, 1 de julho de 2014

A um grande amor

A um grande amor


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ainda que eu fosse o melhor dos poetas,
E descobrisse a rima mais perfeita;
Ainda que fosse minha a mais bonita canção,
E desvendasse os mistérios do coração;
Sem você eu seria menos do que um grão de areia,
Perdido e esquecido no deserto da desilusão.

Ainda que eu fosse, sonhador, um deus,
E pudesse satisfazer todos os desejos meus;
Ainda que eu vivesse num paraíso,
E tivesse as vagas de um mar indeciso;
Eu nada seria sem um carinho seu,
Mesmo que fosse apenas um singelo sorriso.

Ainda que encontrasse o caminho da felicidade,
Eu não seria feliz de verdade
Se ao meu lado não existisse você.
Ainda que à poesia de um luar eu pudesse ter,
Ainda assim, em minha pobre soledade,
Eu estaria condenado a jamais lhe esquecer.

Jamais saberei dizer o quanto amo você!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 19 de maio de 1999
Abraço!