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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Perfídia

Perfídia


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Pode alguém, de direito, privar-nos de nossos sonhos?
Acaso um deus, em nome de um estandarte qualquer?
Não é, porventura, perfídia dum fado bisonho
Ofertar o que, por sua imposição, não pode ser?

Pode alguém compensar as lágrimas inevitáveis
Que reprimem o riso da expectativa anterior?
São felícia e esperança assim tão mutáveis?
Por que somos tão frágeis, tão ínfimos no interior?

Eis que não controlamos o nosso próprio destino.
Somos expectadores do melhor, quem sabe, meninos
Perplexos ante o colosso indeterminado da vida.

Nós somos heróis lutando contra o desconhecido,
Somos brinquedos do acaso ou pássaros feridos,
Somos loucos lutando, frágeis, pela própria vida.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 24 de novembro de 1995
Abraço!

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Inesquecível II

Inesquecível II


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Todos os dias te vejo, diva fêmea,
Possuidora de todos os meus poemas,
Louca febre em cada gota do meu sangue,

Terna flor eterna, raro pólen tão santo,
mágica, labirinto de sutil arranjo,
Anjo e demônio ao mesmo instante.

Ah! O amplexo roubado em cada ensejo
E a renovada ânsia por teu beijo,
São recordações que o tempo não apaga.

Esse amor é um vício que nada cura,
Uma virtude que além da morte dura,
Pois, és tu, linda mulher, a joia mais rara.

Ora! Estes versos fúteis, tão pueris,
Não te contam o quanto me fazes feliz.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 13 de julho de 1997
Abraço!

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Acima de tudo

Acima de tudo


      Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Há na tempestade um vociferar trovejante?
O meu amor é um grito que o faz insignificante.

Há no vendaval um poder sem fronteiras?
O meu amor pode além de qualquer barreira.

Há na noite um mistério, um inato medo?
Meu amor nada teme em seu poético segredo.

Há na lágrima uma dor, uma fria verdade?
O amor também conhece a dor da saudade.

Há na fé uma indiscutível religiosidade?
O meu amor é ritual sagrado de felicidade.

Há na libido um quê de profano?
O meu amor é capaz de torná-lo santo.

Há no céu uma inalcançabilidade?
Para o meu amor tudo é possibilidade.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 01 de outubro de 1997
Abraço!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Incógnita

Incógnita


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Não sei mais o que sou,
Se sou caça ou caçador,

Se encanto quem está ao meu lado
Ou se sou encantado.

A armadilha, a espreita da fera,
Fragilizou-se num olor de primavera,

Pois, já não controlo meu sentimento,
E minha lógica fria se foi com o vento.

Eu me vejo vibrante com tanto alento.
Não sou mais dono do meu pensamento.

Então, me tranco em meu silêncio,
E nem sequer o poema decifra o que penso.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 06 de agosto de 2000
Abraço!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Desconcerto de poeta

Desconcerto de poeta


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Vejo-me sempre a divagar, encantado,
Sobre versos que se inspiram em teu rosto,
Que se embriagam com teu olhar divino,
Dependente que sou de ti, do teu abraço.

Ora! Quantas rimas sem sentido eu faço,
Quanta saudade não consigo poetizar!
Se não te tenho agora em meus braços,
Sei que a fé me ensinará a te esperar.

Que meus versos se percam em tua morena
Pele, se calem em tua boca pequena,
E venerem, carentes, o teu jeito de ser.

Pudesse eu te falar, nesse ensejo,
Do gosto (ah, se pudesse!) do teu beijo,
Se esses versos tivessem teu encanto, mulher!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 09 de abril de 1996
Abraço!