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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Solidão

Solidão


  Foto: Daniel carvalho Gonçalves


O poeta é um solitário.
Não que não ame ou seja amado,
Mas o faz de um jeito raro,
Fora de moda, doidamente alado.

Eis que ele tem um mundo só seu,
Onde transforma sentimentos em palavras,
Onde ele é apenas um deus
Ou um mendigo em suas fantasias fartas.

O poeta é homem assumindo que ama,
É menino fingindo não ter medo,
É frágil poder que a ninguém engana,
Desconhecedor de seus próprios segredos.

O poeta vê o que mais ninguém vê,
Sente como ninguém - pressente.
Entende o que ninguém quer entender,
Ama além de si mesmo, intensamente.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 30 de setembro de 1997
Abraço!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Desencontro com as palavras

Desencontro com as palavras

  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Teu corpo à semi-luz parece uma escultura de prata,
Tem a mágica poesia de uma noite enluarada.
Tens o raro poder de ser menina e mulher, tão luminosa!

Quando dormes, és sublime como um anjo encantado,
Conheces os segredos do céu, mas podes me levar ao pecado.
Bem sei, tu podes fazer do amor uma fruta deliciosa!

Ah! Quisera que meus poemas não fossem tão reticentes
Ou que meus versos não tivessem essa índole inocente
Para rimar a alvura da tua pele com o meu desejo.

Pudesse essa canção conter o teu perfume de açucena,
Olvidaria o poeta ao gosto de tua boca pequena.
Impossível!Não sei esquecer teu abraço, tampouco teu beijo!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 28 de setembro de 1997
Abraço!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Desafino

Desafino


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quem és tu, que me olhas
Do outro lado do espelho,
E, hirto, debochas
Dos meus olhos vermelhos?


Quem és tu, que desdenhas
Do meu frágil mistério,
E, tão cruel, desenhas
Tua vilania num "eu quero"?

Quem és tu, que não tens medo,
E desafia o próprio destino,
Como se controlasse seu enredo,
Ou inventasse o seu caminho?

Quem és tu, indomável fera,
Que caça à sorte, à esmo?
Quem és tu, ó pseudo-quimera,
Senão eu mesmo?


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 25 de agosto de 2000
Abraço!