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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Dístico do abandono

Dístico do abandono


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Não atino, Pai, com essa mortalidade
Nem com o desdém de tanta brevidade.

Por que, Pai, nos toma o condão da vida,
Fazendo da luta uma batalha perdida?

Terás, acaso, o divino gozo
Que temos em um jardim formoso,

O prazer de plantar, cuidar e regar
As flores que. sabemos, um dia, irão murchar?

Por que não nos poupa, Pai, então, da dor?
Ou está a eternidade além deste sonhador?

Nada sou para julgar teus intentos.
Sou simples pó ao querer dos ventos!

Talvez seja pequeno para saber a verdade.
Talvez, Pai, ainda não seja tempo

De descobrir os segredos da imortalidade.
Perdoa, Pai, se não sei calar meus pensamentos!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 05 de abril de 1999 
Abraço!

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