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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Um conto de natal

Um conto de natal


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


       Já era véspera de natal e "Zé" Manuel ainda não comprara o presente do filho. Não pudera. Bem que olhara uns brinquedos na cidade, "coisa cara", até um tal de "vídeo-gueime".
    O moleque tinha apenas cinco anos, pingo de gente, era inteligente. "Nisso não puxara o pai", dizia, "bem que merecia um agrado."
      "Zé" Manuel passara o dia procurando por algo que pudesse fazer o filho feliz, mas o trabalho honesto e suado na roça não lhe rendia quase nada.
     Na manhã de natal, o pobre agricultor estava ainda mais acabrunhado, recostado junto ao fogão à lenha, enquanto a mulher coava o café, quando o filho se recostou no seu peito e lhe deu um abraço: - "cê tá choando" papai! "cê tá" dodói?"
       Ele olhou para a mulher e, logo em seguida, para o filho: - "não, "fio", é que eu queria te dar um presente e "num" tenho dinheiro."
         O filho sai do abraço do caipira e, depois de alguns minutos, volta correndo com um carrinho feito de garrafa pet, faltando uma roda pelo uso, sorrindo e com os olhos brilhantes: - "eu já tenho o "cainho" que "cê" fez para "mim" brincar."
       A felicidade é feita de pequenos gestos, de carinhos genuínos, de amor verdadeiro, quando o presente mais importante ninguém compra, pois, vem do sentimento mais nobre na alma do homem: o sorriso das pessoas que amamos.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 26 de novembro de 2000
Abraço!


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