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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Carta à felicidade


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Felicidade, onde estão tuas nascentes?
Onde tua bênção, tuas vertentes?
Acaso, numa curva, no alto dos montes?

Andarás, leve, no curso do vento,
Num sussurro, na intensidade dum momento,
Ou, quem sabe, onde o segredo se esconde?

Há quem te busque num instante de solidão,
Na sombra d'alma, nos acordes dum violão,
Mas, tu, arisca, escapa pelos vãos dos dedos.

Eis que tantos te buscam até a morte,
Outros, desistem, abandonados à sorte,
Escravos de seus próprios medos.

Poucos te encontram na pessoa amada,
Porque o amor é espelho de índole encantada,
E o dom do encontro é um caminho escuro.

Sei que vagas nos versos dum poema,
No amanhecer, no frio duma noite morena,
E sei que somos, às vezes, cegos e surdos.

Te ignoramos num sorriso sincero,
Te matamos no egoísta "eu quero",
Dificultamos, criamos obstáculos,

Rotinizamos o olor da primavera,
Desvalorizamos as coisas belas,
Não aplaudimos teu radiante espetáculo.

Como haveremos de te encontrar,
Se nem sabemos como te buscar?

Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 29 de fevereiro de 2000
Abraço!

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