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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Destino de Ícaro

Destino de Ícaro


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Eis uma borboleta adejando, bisonha, numa manhã de primavera!
Tão bela e airosa, pueril e contente, perdida em sua quimeras.

Como era gostoso bailar por entre as flores perfumadas! Oh, encanto!
Era tão bom afagar aquelas pétalas, provar daquele pólen tão santo.

Naquela manhã ela sentia-se princesa, quase deusa, no paraíso.
Suspirou, feliz, quase em êxtase, e deixou-se desabrochar num sorriso.

Porém, por desventura do destino, aspirava, em sua fragilidade,
Alcançar, apaixonada, o garboso febo que fulgia felicidade.

Nem mesmo um deus poderia mudar seus sonhos. O amor muitas vezes cega,
E ela partiu ao encontro do seu amado - as vezes o coração erra.

Voou durante horas intermináveis - ele ficava cada vez mais longe.
Veio a sede, a fome. Oh, onde estavam as flores? Estavam distante.

Quis voltar, mas já não tinha forças, restavam apenas cansaço e lembranças.
Como era gostoso bailar por entre as flores perfumadas! Ai, criança!

Caiu, exânime, solitária em seus devaneios. Ai, melancolia!
Ninguém chorou por ela naquele dia, exceto quem fez esta poesia.

Mas, quem, um dia, irá dizer que ela não foi feliz em seu pequeno sonho?
Quem dirá que as lágrimas não foram compensadas por seu rosto risonho?



Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 30 de novembro de 1995
Abraço!

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