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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Una (II)

Una (II)


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ia o poeta para lugar algum, ao léu,
Para descobrir num canto qualquer
Do jardim, um doce pedaço do céu, 
Magoada com a vida, uma flor-mulher.

- Dá-me um sorriso teu, "disse o poeta".
- Por quê sorrir? "Disse a flor desgostosa".
- Porque és bela e teu riso, uma festa,
Nenhuma flor deste jardim é tão formosa.

- Para quantas já ensaiaste esse teu canto?
Quantos corações partiste com teus poemas?
- Na verdade, fui eu quem se banhou em prantos
Por alguém que julguei ser minha alma gêmea.

- Olhe ao seu redor, quantas e belas rosas!
- Elas não tem a poesia da tua simplicidade.
- Olhe como me desdenham, maliciosas.
- Não vês que só tu tens um poeta nessa tarde?

Elas tem inveja de tua agreste beleza.
- Dizes isso só para me veres sorrir.
- Ou porque a verdade dispensa sutilezas
E eu achei abrigo, quando não tinha para onde ir.

Um riso leve deu ao arrebol, magia,
Fez dois corações inventarem a felicidade.
E uma tarde que parecia sem poesia,
Fez do amor a mais simples das verdades.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 12 de maio de 1999
Abraço!

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