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segunda-feira, 3 de março de 2014

Fulana, Sicrana e Beltrana

Fulana, Sicrana e Beltrana


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Fulana tem charme de menina,
Meiga, gentil, uma flor ingênua
Que seduz meus sonhos inocentes.

Sicrana tem malícia de mulher,
Lúbrica qual sereia no cio,
Delícia que me faz demente.

Beltrana é o equilíbrio,
O meio-termo, o meu juízo
E a minha inconsequência.

Fulana é manhosa, pequena,
(Ah, meu anjo de pele morena!)
Como uma delicada ninfa.

Mas amo tanto o abraço de Sicrana,
Impudico, símil a uma ardente chama
Loira que enlouquece meus sentidos.

Ora! E se Beltrana não existisse?
Haveria razão para que eu vivesse?
Quem curaria os meus sonhos feridos?

Fulana é minha bênção,
Sicrana, minha perdição,
Beltrana, um pedaço de minha alma.

Eu amo tanto à Fulana!
Mas como eu quero Sicrana!
Será que me ama Beltrana?

Se à Fulana eu tiver,
À Sicrana não posso ter,
E eu me vejo pensante.

O pensamento traz Beltrana,
O coração chama Fulana
e o corpo pede Sicrana, impunimente.

Mas, ai, que dúvida cruel,
Com amargo sabor de mel,
Quis a vida me impor.

Mísero! Sou um pobre louco
Que, dia a dia, pouco a pouco,
Talvez perca, das três deusas, o amor.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 25 de abril de 1994
Abraço!

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