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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Somente tu

Somente tu


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Qual mulher é como tu, quimera gentil,
Capaz de compreender os meus fracassos
E incitar-me à luta, qual divina
Criatura que sabe, doce e sutil,
O poder que exerce sobre os meus passos,
E se esconde num rosto de menina?

Qual mulher é como tu, deusa morena,
Que resplandece como rubro arrebol,
Cuja beleza transcende estas rimas,
Pois, tens na alma uma aura serena;
Qual mulher tem no corpo magia de sol,
Cuja doçura nunca, jamais, termina?

Qual mulher tem o teu encanto, bela flor,
Cujos lábios são pura fonte de mel,
Cujos olhos irradiam malícia?

Qual  mulher pode despertar-me ao amor,
Fazer-me acordar num pedaço do céu,
E, a mim, enlouquecer de felícia?


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 10 de maio de 1995
Abraço!

domingo, 23 de junho de 2013

Unforgetablle

Unforgetablle


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ela chegou num dia de chuva
Como se fora um vento brando,
A incógnita, a surpresa, a curva,
Com veneno adocicado, nefando.

Trouxe nos olhos um mistério,
Um quê de inocência e pecado,
Sem nenhuma palavra me disse: "te quero",
Música para meus sonhos cansados.

Tocou meu corpo qual tivera magia,
Seu beijo macio como pétala de rosa,
Cálido como enlouquecida febre, ardia
Numa enxurrada de volúpia deliciosa.

Ela chegou como o mais sutil demônio,
Se apossando de minha alma,
Enlouquecendo meus sonhos,
Arrancando do poeta a calma.

Ela chegou como se fora uma lágrima,
Ora de felicidade, ora de dor,
Tempestuou cada poro de minha libido,
E, angelical, fez germinar o amor.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 27 de março de 2001
Abraço!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Cálice de uma deusa

Cálice de uma deusa


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Imaginei-te como a lua,
Misteriosamente nua,
Ginga de mulher fogosa.

Com os olhos, desvendei teus segredos,
Quis acalmar os teus medos,
Fazer-te saber-se deliciosa.

Toquei, sonhando, tua pele alva,
Cálida como o primo raio de sol da alvorada,
Essência de um fogo divino.

Beijei-te com desmedida sede,
E teu cálice, profana rede,
Embriagou-me com seu lúbrico vinho.

Naveguei por teu corpo, endoidecido,
Batizei-me no sal do teu suor,
Doei-te meu corpo, minha vida, vencido
Pelo gozo agreste do teu ardor - 
Te amei em sonho, qual fora um menino perdido.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 19 de julho de 2000
Abraço!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sem destino

Sem destino


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quantos sonhos um homem deve perder
Até encontrar o seu caminho?
Quantas quedas é preciso sofrer
Até entender que não pode andar sozinho?

Quantas vezes é preciso chorar
Até aprender a sorrir?
Quantas palavras é preciso falar
Até descobrir que o melhor é sentir?

Quantas paixões é preciso inventar
Até compreender o amor verdadeiro?
Quantas noites é necessário passar
No segredo duma lágrima no travesseiro?

Quantas vezes um homem deve cair
Até aprender o poder de um cálice de vinho?
A quantos deuses de deve pedir
Até se fecharem as cortinas do destino?


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 14 de março de 2001
Abraço!

domingo, 9 de junho de 2013

Soneto da cumplicidade

Soneto da cumplicidade


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quero um qualquer sorriso teu,
Mesmo que seja um breve desdém,
Para encantar esse verso meu
Com a ilusão de quem faz um bem.

Quero um abraço carinhoso,
Que envolva meu corpo, meu chão,
Um sussurro malicioso
Que me arranque dessa solidão.

Que me faça quase louco, 
Me deixe sentir a vida um pouco,
O estranho dom de ser amado.

Quero ver os teus gestos, sonhando,
O silêncio do teu sono, brincando,
A alegria de acordar ao teu lado.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 16 de agosto de 2011
Abraço!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Arcanos do destino

Arcanos do destino


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Existiam três deusas em meu orbe enigmático,
Três mulheres, três incógnitas, em nada parecidas.
A primeira tinha riso infantil, meio mágico,
Doce como a primeva inocência perdida.

Decidi chamá-la Fulana, fazer dela segredo.
A segunda sabia como ninguém ser provocante,
Intenso fogo, febril, a queimar, despertando medo
De me entregar e perder seu amor tão inconstante.

Chamei-a Sicrana - o meu mistério poético.
A terceira era, de todas elas, a mais previsível,
Um anjo talvez, a cura para meus sonhos feridos - 
Beltrana. Ter o amor das três não seria possível.

Eis a razão das incógnitas: apenas indecisão,
Medo de fazer a opção errada. Me vi perdido.
Enquanto ali parado à sombra do meu coração
Percebi o quanto eram sutis as mãos do destino.

Num átimo, como o sol numa madrugada fria,
Descompassando meu coração, ensinando o amor,
Apagando as incógnitas, apareceu Maria, 
Sem segredos, dando ao meu sonho sentido e sabor.

Maria - a primeira, única, rima sem disfarce,
Eterna musa, diva mulher, que eu sempre amarei.
Maria - a razão deste sorriso em minha face,
Riso de felicidade, o amor que tanto sonhei.

Maria - um pouco de anjo e um pouco de fera.
Maria - uma flor no útero de minha quimera.
Maria - um resumo, ora!, de tudo o que eu quero.

Ei-la, portanto, flama a queimar, tão inexorável,
Em minha vida. Bem sei, essa mulher tão adorável
É a razão (por destino) deste meu amor sincero.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 15 de agosto de 1996
Abraço!

domingo, 2 de junho de 2013

Antelóquio do belo

Antelóquio do belo


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Há que se cuidar, reverente, o poeta,
Que a tola estética de um poema
Não transmite sua beleza verdadeira.

Há que compreender que o vero encanto
De seus versos, às vezes deixado num canto,
Não são palavras casuais, quase soberbas,

Que sobejam num rio técnico e fútil,
Deixando em seu rastro um verso inútil,
Caudaloso e belo, falsamente belo.

Há que deslumbrar com todo o sentimento
A lhe fulgir na alma, esquecer do tempo,
Ao admirar a formosura do castelo

Poético, airoso, da alma humana,
Do sorriso doce nos olhos de quem ama,
Da cumplicidade simples do seu abraço.
Há que se cuidar que o verdadeiro poema
É um sentimento fluente qual regato.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 20 de agosto de 1996
Abraço!