Uma flor como nenhuma outra
Foto: Daniel Carvalho Gonçalves
Eis que uma semente de campestre flor,
Levada pelo vento, cai num roseiral,
E, ali, nasce, viçosa, sonho em cor,
Ingênua, longe do seu mundo real.
Mas, quando, numa manhã de primavera,
Sua prima flor desabrocha, contente,
Lacrimeja, por não julgar-se tão bela
Quanto as esnobes rosas à sua frente.
Em seu silêncio, maldiz o destino
Que a fizera tão feia, tão sem graça,
Ai!, sentia-se roubada de sentido,
De cor, invisível aos olhos da massa.
As esbeltas rosas sorriam, mordazes,
Do vermelho simples de suas pétalas.
Orgulhosas, não eram sequer capazes
De pensar que alguém olhasse para ela.
Mas um poeta cantou sua nobreza,
Rimou sua singela elegância,
Poetizou sua agreste beleza,
Sua doce, envolvente, fragrância,
Seus infinitos encantos sublimou,
Fê-la sentir-se deusa, linda, querida,
Na verdade, por ela se enamorou,
Ah!, fê-la sorrir, redescobrir a vida.
E, hoje, quem passar por aquele jardim,
Com certeza não encontrará mais rosas,
Apenas flores símplices e vermelhas,
Semente daquela flor maravilhosa.
Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 28 de setembro de 1997
Abraço!
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