Indefinição
Foto: Daniel Carvalho Gonçalves
Alma de poeta é tempestade,
É gênese ditando a ordem
Em meio ao caos, saudade,
Desatino, riso, desdém
Do seu ego, inocente piada,
Absorto em sentir,
Sem metria nem nada,
Puramente sentir.
Alma de poeta é fogo,
Fúria febril que consome,
Pecado, sacrílego rogo,
Desejo com índole de fome.
É farsa indisfarsável,
Riso maroto, rosto vermelho
Traindo a fama indomável
Qual o mais cruel dos espelhos.
Alma de poeta é porcelana
Esculpida pelas mãos da vida,
Pois, a vocação de quem ama
É ter, frágil, a alma dividida.
Alma de poeta é segredo
Que todo mundo sabe:
A rocha morre de medo
Que a montanha desabe.
Ora! É mentira que não convence,
O riso as vezes é pranto,
Seu coração deveras não lhe pertence
Como transpira seu canto.
Alma de poeta é taça de vinho
Derramada numa canção,
As vezes é calor e carinho,
Outras, voluptuosa perdição.
Alma de poeta é pássaro cativo
No encanto da mulher amada,
Que, para sentir-se vivo,
Precisa duma gaiola dourada.
Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 04 de outubro de 1999
Abraço!
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