Susanne
Foto: Daniel Carvalho Gonçalves
Carinho de mãe ela não conheceu,
Pois, no seu parto ela morreu.
Nunca teve um pai de verdade,
Ele não lhe dava atenção.
Não que, de ser ferino, tivesse intenção,
Mas se embriagava de infelicidade.
Susanne não conhecia um lar,
Não tinha ninguém com quem conversar,
"Sozinha", aos quatro anos de idade.
Ganhou as ruas ainda pueril,
Mas não soube o que é ser infantil.
Aos cinco já conhecia toda a cidade.
Aos seis tinha um grupo de "amigos",
Na verdade, um bando de "perdidos".
Aos sete perdeu o pai num acidente,
Mas nem por isso chorou,
De fato, nem se importou -
Ele nunca se fizera presente.
Aos oito a um orfanato foi acolhida,
E por um tempo sentiu-se querida,
Mas dava saudade da rua, da liberdade.
Aos nove fugiu da sua "prisão"
E abraçou novamente a solidão -
Não encontrou a esperada felicidade.
Viveu de migalhas de pão,
Restos, lixo, dormiu no chão,
Sofreu, mas insistiu em viver.
O tempo passou com agressividade
E ela entre a escória da sociedade,
Prostituindo-se para sobreviver.
Procurava um emprego decente,
Algo que a fizesse sentir-se mais gente,
E aos dezessete anos conheceu Fernando,
Rapaz pobre, mas trabalhador,
De boa moral, cheio de pudor,
E aos poucos foram se enamorando.
Conseguiu um emprego, começou a estudar,
Pois, escola era um luxo que não pudera se dar -
Agora sua vida tinha um sentido.
Fernando lhe pediu em casamento -
Não cabia em si de contentamento.
A gora o passado era um tempo perdido,
Uma sombra que ela iria apagar.
Importava agora construir um lar,
E Susanne estava agora tão perto!
Aos dezenove casou-se, e, enfim,
A felicidade parecia não ter fim,
Tudo estava absolutamente certo!
Aos vinte e um teve seu primeiro filho,
E este teria o amor de mãe, seu trilho
Não teria tantos espinhos.
Ela agora tinha com o que se orgulhar:
Um marido, um filho, de fato, um lar,
Tinha alguém com quem compartilhar seu carinho.
Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 06 de julho de 1993
Abraço!