Escalada
Foto: Daniel Carvalho Gonçalves
Divago pelos cantos sagrados,
Os lugares onde aprendi meu canto,
Onde o sonho perdoa qualquer pecado.
Ora, meus infantes caminhos, tão santos!
Lamento meu misterioso e imprevisível fado,
Em cada minuto me enchendo de espanto!
Devaneio em meu primeiro poema:
Um amor perdido me ferindo por dentro.
Hoje sei que não perdi minh'alma gêmea,
Pois, foi ilusão o que se perdeu no tempo,
Foi um efêmero "afair" numa noite morena,
E iludiu, profano, meu bisonho sentimento.
Mergulho, enlouquecido, na dura saudade
Daqueles diamantes que passaram por mim
No trilho da vida, e que as mãos da eternidade
Fizeram inesquecíveis, lembranças sem fim.
Me olho no espelho de quem eu quis imitar,
E percebo o quanto estou mudado:
Homem e poeta aprenderam a amar,
Meu mundo está além dum pequeno cercado,
Onde as mãos ainda não podem tocar -
Um universo em meu peito, calado.
Descobrir o amor é, enfim, a maior grandeza,
Querer doar de si, buscar a felícia
De alguém, com afã, é gentil nobreza
De quem experimenta a suprema delícia
De se entregar com total leveza,
De ser uma síntese de inocência e malícia.
Amar uma mulher é descobrir o dom,
Sagrado dom de assumir um sentimento
Capaz de silenciar qualquer som,
Fazendo eterno o divino momento
Em que o gosto de seu vermelho batom
Desperta em mim o mais cúmplice alento.
Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 03 de setembro de 1999
Abraço!
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