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segunda-feira, 11 de março de 2013

Anseio


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Queria escrever um poema que caísse, gentil,
Como a chuva no seio da terra, quase divino,
E fizesse germinar na alma e coração humanos
A inocência contida nos sonhos dum menino.

Queria que esse poema brilhasse como um sol,
Sem nenhum preconceito, para ricos e para pobres.
Queria que ele aquecesse essa rocha fria
Em que fomos moldados, e que nos fizesse mais nobres.

Ah!, queria que ele tivesse a cumplicidade
Duma lágrima morna nos olhos do meu semelhante,
Que fizesse os homens compreenderem que não estão
Sozinhos no difícil trilho do bem. Ei-lo distante!

Queria que ele, como um rio, corresse caudaloso
E matasse a sede de paz que nos rouba a chance
De viver sem medo do amanhã. Queria que ele
Colocasse um mundo sem sangue ao nosso alcance.

Queria escrever um poema que pensasse como
Adulto e sentisse, puro, como uma criança.
Queria que ele fosse, em meio à tempestade,
Ora!, a certeza de que logo virá a bonança.

Ah, como eu queria, numa poesia apenas
Despertar, no coração do mundo inteiro, o amor!
Patético! As minhas consecuções são tão pequenas!
Porém, ah, se eu não fosse tão somente um sonhador!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 17 de dezembro de 1995
Abraço!

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