Dístico do abandono
Foto: Daniel Carvalho Gonçalves
Não atino, Pai, com essa mortalidade
Nem com o desdém de tanta brevidade.
Por que, Pai, nos toma o condão da vida,
Fazendo da luta uma batalha perdida?
Terás, acaso, o divino gozo
Que temos em um jardim formoso,
O prazer de plantar, cuidar e regar
As flores que. sabemos, um dia, irão murchar?
Por que não nos poupa, Pai, então, da dor?
Ou está a eternidade além deste sonhador?
Nada sou para julgar teus intentos.
Sou simples pó ao querer dos ventos!
Talvez seja pequeno para saber a verdade.
Talvez, Pai, ainda não seja tempo
De descobrir os segredos da imortalidade.
Perdoa, Pai, se não sei calar meus pensamentos!
Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 05 de abril de 1999
Abraço!