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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Dístico do abandono

Dístico do abandono


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Não atino, Pai, com essa mortalidade
Nem com o desdém de tanta brevidade.

Por que, Pai, nos toma o condão da vida,
Fazendo da luta uma batalha perdida?

Terás, acaso, o divino gozo
Que temos em um jardim formoso,

O prazer de plantar, cuidar e regar
As flores que. sabemos, um dia, irão murchar?

Por que não nos poupa, Pai, então, da dor?
Ou está a eternidade além deste sonhador?

Nada sou para julgar teus intentos.
Sou simples pó ao querer dos ventos!

Talvez seja pequeno para saber a verdade.
Talvez, Pai, ainda não seja tempo

De descobrir os segredos da imortalidade.
Perdoa, Pai, se não sei calar meus pensamentos!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 05 de abril de 1999 
Abraço!

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Desafinado II

Desafinado II


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Deixo saudade em meus versos,
Meu coração pulsando, dissonante,
Meus sonhos dolentes, dispersos
Em minha poetiza alma amante.

Cravo teu nome para a eternidade
Em meu jeito devoto de te amar,
Dor de pura ingenuidade,
Um si menor numa canção em lá.

Deixo o silêncio dum sonho agonizante,
A última tentativa de te ter por mais um instante,
O medo de te perder tão cedo.

Deixo jazer aqui o poeta.
Não há razão para festa,
Pois, hoje perdi o enredo.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 03 de dezembro de 2000
Abraço!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Simplório resumo de tudo

Simplório resumo de tudo

     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


És lua graciosa brilhando por entre diáfanas nuvens.
Sou tão somente um poeta perplexo ante tua beleza,
Reticente, pois, me roubas as palavras, deusa de um mal ou bem
Que me embriaga a alma com encanto de sutil leveza.

Que saudade do teu beijo em meu amanhecer - seleto vinho!
Teu olor primaveril, em cada poro ainda se faz presente.
Teu sorriso brejeiro é um fulgente febo em meu caminho,
Tua voz é música germinando da mais diva semente.

Teu corpo é magia que inspira pecado, um prenúncio
De paraíso, excelsa poesia feita de silêncio,
E, por tal razão, indefinível através de simples palavras.

És tudo: a mulher que amo, meu ar, minha razão para viver,
Minha crença no amanhã, a fé, o ideal pelo qual morrer,
A inocente malícia que vibra em minhas pobres rimas.

Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 25 de abril de 1997
Abraço!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Só de estar ao seu lado

Só de estar ao seu lado


     Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Divaguei em minha alma silente,
Eco do silêncio da alvorada,
Prenúncio duma tempestade dormente

Nas rimas deste ignoto poeta.
Me embriaguei com o sono da mulher amada,
Quis no seu sonho olhar pela fresta,

Invadir o domínio dos seus medos,
Dispersá-los para muito distante;
Quis, profano, descobrir seus segredos;

Quis o poder de me jogar nesse sonho,
Me atirar em seu abraço, másculo e infante,
Desarmar-me na magia desse dom estranho.

Decidi, já com sono, apagar a luz,
Pois, nessa simplicidade a felícia se traduz.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 08 de junho de 1999
Abraço!