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quarta-feira, 16 de março de 2016

Uma história como tantas

Uma história como tantas


   Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Ele nasceu numa cidade qualquer
Em qualquer canto do mundo.
Tantas vezes errou sem um destino sequer,
Apontado como mais um vagabundo.

Não teve pais, nem os conheceu,
Viveu algum tempo num orfanato,
Refém de um mundo que não era seu,
Sem ser feliz de fato.

Sentia-se um animal domado,
Resumido ao limite dos seus cuidadores.
Não entedia as regras, desamado
Na perspectiva das suas dores.

Então, fugiu, ansioso por liberdade.
Conheceu as ruas, as praças,
Dormindo às margens da sociedade,
Rindo-se da sua história sem graça.

Muitas vezes furtava para matar a fome,
Pedia, aceitava todo trabalho oferecido.
Valente, destemido, tornou-se homem,
Quando muitos acreditavam que seria bandido.

Ela nasceu num picadeiro,
Filha de dois artistas circences.
Sempre teve amor verdadeiro, 
Talentosa, dona de alegria inocente.

Seu mundo era a magia da arte,
Sonhos roubados dos livros que lia.
Hasteava o amor por estandarte,
Amor fecundado pelos romances que bebia.

Ele a viu no trapézio, divina,
E se apaixonou naquele momento.
Ela flutuava, mulher-menina,
Encantada, leve como o vento.

Ele, embevecido, esqueceu-se de ir embora
Quando o espetáculo chegou ao fim.
E, quando ela sentou-se ao seu lado, naquela hora,
Ele pediu para entrar para o circo, enfim.

Ela sorriu e perguntou por quê.
Ele respondeu: - "não tenho destino,
E é o único jeito de estar perto de você."
Fato é que, naquela hora, o homem era apenas um menino.

Ficou. Aprendeu a magia de fazer rir,
Tornou-se um palhaço encantador.
De repente, não tinha mais porque partir,
Pois, encontrara, nos braços dela, o amor.

Assim são as histórias da vida:
Caminhos se cruzam em algum lugar,
Corações se tocam, encontram guarita,
E, aquele que ia, encontra razão para ficar.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 12 de março de 2016
Abraço!

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