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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Marionete

Marionete

  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Minha caneta derrama lágrimas
Poéticas em ingênuas folhas de papel,
Pranto que o homem oculta, lástima
Silente no desprazer de um amargo mel.

Paradoxo, ela vibra de alegria,
Diva, em seu caminho sentimento adentro,
Pois, seu rastro é minha nua poesia,
Meu eu oculto nas roupas levadas pelo vento.

Minha caneta me assume como sou,
Chora por mim, conta por onde vou,
Me expõe forte e frágil, infante e másculo,

Ri de minha aspiração de ser um deus,
Chora ao traduzir o deus num plebeu,
Aplaude (tão eu!) o meu rude espetáculo!


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 28 de junho de 1999
Abraço!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Elegíada II

Elegíada II


  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Tantas vezes vos perguntei, ó Deus,
Por que são tão breves os vossos filhos,
E tão enigmáticos os caminhos seus.
Nenhuma resposta a este vosso filho.

Por que roubar, num átimo, o sonho de alguém?
Por que fazer-nos sentir o gosto duma lágrima?
Por que nos tirar tão precioso bem,
A vida, difícil, mas talvez por isso, tão mágica?

Não creio que a morte seja coisa do destino,
Talvez uma desventura do acaso.
O fato é que não aceito, não atino,
Com a inexistência, com esse trágico ocaso.

Nos resta esperar que haja um mundo melhor
Nessa vida para onde vão as pessoas que amamos,
Pois, o adeus não existe, quem sabe um instante de dor,
Um "até logo" para aqueles que abraçamos.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 01 de fevereiro de 1998
Abraço!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nefando limite

Nefando limite

  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Se pudesses revirar meu pensamento,
O silêncio de minha alma, cada poro,
Cada desejo, cada gota do meu alento,
Talvez soubesses o quanto te adoro
E não sei dizer, meu divino tormento!

Palavras vão e vêm, são frias
Demais para traduzir um sentimento
Que faz o poeta vibrar de alegria,
Como uma delgada folha ao vento,
Frenética em sua louca poesia.

O amor em mim tem o calor de um sol,
O bizarro poder de uma tempestade,
A áurea simplicidade de um girassol,
O diáfano, inegável, condão da verdade,
O mágico mistério de um novo arrebol.

Quem assim ama, vive a eternidade,
Pois, cada instante ao teu lado
Tem, de uma jóia, a preciosidade.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 07 de dezembro de 1998
Abraço!

domingo, 5 de julho de 2015

Quando o amor é real

Quando o amor é real

  Foto: Daniel Carvalho Gonçalves


Quando se ama uma mulher, de verdade,
O coração é fúria de tempestade,
Indomável a carinhos que não sejam os seus.

O corpo é uma terna chama ardente,
Inapagável qual sonho na alma doente,
Devoto ante o estentóreo de um deus,

O deus do amor que pulsa por essa mulher
De divina essência, de sutil poder,
Capaz de domar a fera e o poeta.

Quando se ama uma mulher, não importa
O sonho oculto do outro lado da porta,
Nem de outro alguém o sabor de promessas.

Quando se ama, se quer a felicidade,
O riso, se quer doar de alma e corpo,
Quer ter o momento e a eternidade.
Não importa a batalha nem o esforço
Quando se ama uma mulher, de verdade.


Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 06 de novembro de 1996
Abraço!