Testamento de poeta II
Foto: Daniel Carvalho Gonçalves
Deixo para meu convexo espelho
O reflexo do riso que não sorri,
A magia de saber meus segredos,
Verdades óbvias que não escondi.
Deixo para os meus antagonistas
A lágrima sentida que não chorei,
A fragilidade que não foi vista,
O ódio que, sem querer, despertei.
Para Fulana, Sicrana e Beltrana,
Fato que não escolhi nenhuma delas,
Deixo que o coração se engana
E ama a quem menos se espera.
Deixo para meu primeiro abraço
A imagem do filho que eu quis ser,
O riso que provoquei, meus fracassos,
E o amor que aprendi a viver
No calor materno desses seus braços;
Deixo verdade de não lhe esquecer.
Daniel Carvalho Gonçalves
Escrito em 26 de abril de 1996
Abraço!